A acupuntura faz parte da Medicina Tradicional Chinesa e teve início há cerca de 4.000 anos. A acupuntura tradicional envolve a inserção de agulhas em diferentes pontos na superfície da pele. Os locais onde as agulhas são inseridas, os pontos de acupuntura, são conectados pelos chamados meridianos (canais de energia). O objetivo da acupuntura é melhorar o fluxo de Qi (energia) através do corpo, estimulando, equilibrando e movimentando essa energia.

Após estimulação do corpo com as agulhas, ocorre a ativação de funções autorregulatórias. Esta prática regula o fluxo de Qi (energia básica) e das energias Yin e Yang, harmoniza o funcionamento dos órgãos (Zang-Fu), fortalece o sistema imunológico, ajusta a circulação de sangue, melhora o estado do endométrio e ajuda a preparar o útero para a implantação do embrião. Além disso, a acupuntura é bem tolerada e deve ser considerada parte de uma abordagem efetiva no tratamento da infertilidade.

As agulhas de acupuntura podem ser manipuladas manualmente ou por estimulação elétrica (eletroacupuntura). Os pontos de acupuntura também podem ser estimulados por calor (moxabustão) ou laser. Na acupuntura clássica ou tradicional é feita a inserção manual das agulhas para chegar a um determinado ponto chamado “de Qi”, que é uma sensação relacionada ao equilíbrio do Qi, compartilhada tanto pelos pacientes quanto pelos acupunturistas.

As indicações da acupuntura têm se expandido e ela pode ser indicada para o tratamento de problemas relacionados à saúde da mulher. Numerosos trabalhos científicos foram publicados na literatura médica mostrando os benefícios da acupuntura no tratamento da infertilidade.

 

Medicina Tradicional Chinesa e Infertilidade

O tratamento da infertilidade pela acupuntura pode ser considerado basicamente de dois modos diversos. O primeiro diz respeito à facilitação da gestação em pacientes que estão tentando engravidar naturalmente; o segundo refere-se à associação da acupuntura como terapia complementar às técnicas de reprodução assistida.

De acordo com a Medicina Chinesa Clássica, pode-se dividir a infertilidade feminina e masculina em diversos distúrbios energéticos que recebem tratamentos completamente diferentes, ainda que a causa da infertilidade, pela Medicina Ocidental, seja exatamente a mesma. Assim, duas ou mais pacientes com o mesmo diagnóstico, como endometriose, poderão receber tratamentos distintos, pois na Medicina Chinesa não se trata a doença, e sim o indivíduo como um todo.

O diagnóstico, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, baseia-se na somatória de sinais e sintomas principais que constituem o quadro clínico. Deve ser realizada uma investigação cuidadosa do quadro apresentado, dos ciclos menstruais, do pulso e da língua para definir a melhor estratégia de tratamento.

Os principais quadros energéticos que podem acompanhar ou provocar infertilidade são:

  • Quadros de vazio ou deficiência energética: deficiência de Yang dos Rins, deficiência de Yin dos Rins, deficiência de Sangue e deficiência do Qi do Baço
  • Quadros de plenitude ou excesso energético: calor no Sangue, estagnação do Qi do Fígado, umidade, estagnação de Sangue e frio no Útero

Ao identificar um quadro energético patológico, o acupunturista deve indicar mudanças da dieta e do estilo de vida, escolher os pontos adequados para o tratamento de cada uma das síndromes descritas e, eventualmente, prescrever as ervas ou fitoterápicos específicos que possam ajudar a harmonizar o quadro em questão (Fitoterapia Chinesa).

 

Acupuntura e Fertilização in vitro

A acupuntura pode ser associada ao tratamento de reprodução assistida para aumentar as taxas de sucesso.

Estudos científicos apontam vários mecanismos da acupuntura que influenciam o ciclo menstrual e a circulação sanguínea uterina:

  • Aumento do fluxo de sangue na região do útero e dos ovários, melhorando a qualidade dos folículos e a receptividade do endométrio na fase de transferência do embrião;
  • Promove a regulação dos hormônios do ciclo menstrual, através da liberação de betaendorfinas e outros neuropeptídeos;
  • Diminui os efeitos colaterais das medicações utilizadas nos tratamentos de reprodução assistida, tais como irritabilidade, aumento de peso, inchaço, dor de cabeça;
  • Reduz o estresse e a ansiedade através da liberação substâncias no cérebro; e
  • Fortalece o sistema imunológico e a saúde como um todo, permitindo uma gestação saudável.

 

Qual a frequência do tratamento com Acupuntura?

Idealmente, recomenda-se iniciar o tratamento com acupuntura entre 6 a 8 semanas antes de iniciar o ciclo de fertilização in vitro, com sessões semanais (1 vez por semana).

Durante a fase de indução ovariana (hormônios), as sessões de acupuntura podem ser realizadas até 2 vezes por semana.

Para a fase de transferência de embrião (TEC), fazemos o Protocolo de Paulus, que consiste em duas sessões de Acupuntura, uma antes e outra após a TEC, com duração de 25 minutos cada sessão. As duas sessões podem ser realizadas na Clínica de Reprodução Assistida ou a primeira sessão um dia antes e a segunda sessão até 3 dias após o procedimento.

 

Estresse e Acupuntura

A fertilização in vitro está associada com estresse significativo, que pode afetar o bem-estar geral do casal que está sendo submetido ao tratamento. Evidências crescentes mostram que a acupuntura reduz o estresse da fertilização in vitro e melhora as taxas de sucesso.

O estresse tem um efeito negativo na reprodução e no ciclo menstrual. Como a acupuntura auxilia na redução dos hormônios do estresse, que por sua vez interferem na fertilidade, considera-se que este seja um dos principais mecanismos pelo qual a acupuntura influencia na função reprodutiva e promove efeitos positivos na fertilidade.

 

Evidências científicas sobre acupuntura no tratamento da Infertilidade.

Diversos estudos foram publicados na literatura médica para avaliar os efeitos da acupuntura no tratamento da infertilidade.

A espessura endometrial e sua morfologia colaboram para o sucesso da implantação dos embriões nos ciclos de FIV. Um dos principais responsáveis pela manutenção das características do endométrio é o fluxo sanguíneo da artéria uterina (Teshima, 2011). Teoricamente, quanto maior o fluxo sanguíneo para o útero, melhor a espessura e a morfologia endometrial e maior a chance de implantação dos embriões (Sher, Fisch, 2000).

O estudo de Paulus foi um dos primeiros a relatar um aumento das taxas de gravidez clínica quando um protocolo de acupuntura foi realizado imediatamente antes e após a transferência de embriões próprios em pacientes submetidas à fertilização in vitro. Dos 160 pacientes no estudo de Paulus, 80 foram randomizados para o grupo da acupuntura e 80 para o grupo controle. A taxa de gravidez clínica foi maior no grupo da acupuntura comparada ao grupo controle (42.5% versus 26.3%) (Paulus et. al, 2002).

Diertele e colaboradores avaliaram o efeito da acupuntura nos desfechos de pacientes submetidas à fertilização in vitro e injeção intracitoplasmática espermática (ICSI). Das 225 pacientes inférteis, 116 pacientes foram randomizadas para o grupo da acupuntura e 109 para o grupo controle (acupuntura placebo, pontos que não influenciam na fertilidade). Os dois grupos receberam duas sessões de acupuntura, após a transferência de embrião e, novamente, 3 dias após o procedimento. O estudo mostrou que a taxa de gravidez clínica foi maior no grupo da acupuntura do que no grupo controle (33.6% versus 15.6%).

Smith e colaboradores dividiram 228 mulheres em dois grupos: acupuntura e sham acupuntura (não invasiva, agulhamento placebo). Todas receberam três sessões: a primeira no dia 9 de estimulação ovariana, a segunda e terceira no dia da TE (transferência de embrião) – antes e imediatamente após a transferência de embrião. A taxa de gravidez foi de 31% no grupo acupuntura e 23% no grupo controle (Smith et al., 2006).

Manheimer e colaboradores (2008) reuniram 7 estudos com 1366 pacientes em tratamento de FIV. Foram incluídos trabalhos com o uso da acupuntura no dia da transferência de embriões, comparando a sua eficácia com um grupo controle de acupuntura ou sem acupuntura. Os autores concluíram que a acupuntura realizada no dia da transferência de embriões aumentou as taxas de gestação clínica e de nascidos vivos.

Ng e colaboradores (2008) mostraram, em uma avaliação de 10 estudos, um aumento significativo da taxa de gravidez para o tratamento com acupuntura, principalmente quando realizada no dia da transferência de embriões. Estes dados sugerem que a acupuntura deveria ser oferecida aos pacientes no dia da transferência de embriões se o objetivo é aumentar a taxa de gravidez clínica no tratamento de FIV.

Smith e colaboradores (2019) analisaram 20 estudos com 5130 mulheres. Foi evidenciado aumento das taxas de gravidez clínica e dos nascidos vivos quando a acupuntura foi comparada com o controle (sem acupuntura). Os achados sugerem que a acupuntura pode ser eficaz quando comparada com um grupo sem tratamento.

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